Durante a gravidez uma das minhas atividades preferidas era fazer planos de como ía lidar com os diversos aspetos de cuidar de um bebé. A cosmética, as fraldas, o berço, como transportar, etc, etc...Pesquisava na internet, procurava estudos, lia testemunhos de outras mães a fim de fundamentar a minha decisão e mais tarde comunicá-la ao João (sim, não era perguntar-lhe a sua opinião, era mesmo informar o que tinha decidido...>Mas desta "democracia" do casal falarei noutro dia...).
Um dia chegou a vez de analisar a chucha. Usar ou não usar?
O meu instinto imediatamente disse-me que não era para usar. Não me parecia natural ter um objeto de plástico (por mais inócuo que afirmem que seja) na boca do meu bebé horas a fio.
"Se os bebés precisassem de chucha nasciam com uma!", dizia eu ao João cada vez que ele pegava numa quando íamos a uma loja de artigos para bebé.
Nas minhas pesquisas encontrei informação em como a chucha podia ter alguns benefícios mas poderia ser também prejudicial ao desenvolvimento da boca e dentição e que se eles precisarem de se consolar poderiam usar a mão ou o dedo que é muito menos prejudicial e mais natural. Além disso, a chucha pode prejudicar a amamentação pois pode baralhá-los e podem deixar de pegar na maminha. Falei com outras mães naturistas que afirmam que nunca sentiram necessidade de usar chucha porque sempre que os seus bebés precisavam de consolo tinham a maminha disponível para eles.
"Está decidido, não vamos usar chucha!"
Um dia um familiar ofereceu-nos um kit "biberão e chucha". Eu agradeci mas olhei para aquilo com aquele pensamento (e uma certa arrogância até...) "Não vamos usar mas está bem...".
A nossa primeira noite em casa, acabadinhos de chegar da maternidade, foi um momento, como dizer, interessante...Estava com dores horríveis, mal me mexia ou andava e sentar-me era impossível. As minhas mamas pareciam dois tijolos por causa da subida do leite. Continuava cheia de comichão por causa da minha adorada PUPPP, que não desapareceu com o parto, e tinha um bebé nos braços que se portou como um anjinho na maternidade mas que achou por bem ser rebelde na primeira noite em que chegou a casa...
E aí tudo mudou...Todas as regras, todos os finca-pés, todas as minhas exigências, todas as minhas manias...Ele chorava e eu também...
Já tínhamos percorrido toda a check-list dos motivos possíveis porque pode chorar um bebé: não era fome, não era fralda suja, não pareciam cólicas, não devia ser frio nem calor...
Até que o João teve a sábia ideia de ir buscar a chucha que nos tinham oferecido.
Nem precisamos de falar, bastou uma troca de olhares...Acenei afirmativamente com a cabeça, ele enfiou a chucha na boca do miúdo, que imediatamente chuchou naquilo como se nunca tivesse feito outra coisa na vida.
E descansamos os três.
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